Zama

Quase uma década depois da
 sua última longa-metragem,
 A Mulher Sem Cabeça, a realizadora argentina Lucretia Martel regressa à ficção de 
longa duração com a história, nascida do romance de Antonio Di Benedetto, escrito em 1956,
 de Don Diego de Zama (Daniel Giménez Cacho), um magistrado espanhol que, algures no século XVII, espera transferência para Lerma, cidade onde se encontram mulher e filhos. Porém, a vida não corre da feição que ele deseja, a transferência é sucessivamente adiada, e o homem, cada vez mais desesperado, compreendendo que não mais sairá dali, alinha numa missão perigosa que o olhar da realizadora torna
 uma aventura delirante, a
qual, bem vistas as coisas, é, na verdade, um olhar irreverente
e subversivo sobre o gérmen de uma identidade latino- americana fundada nos modos do colonialismo – tema aliás comum ao cinema de Martel.

Por Rui Monteiro