[title]
Comédia fantástica canadiana sobre Sasha (Sarah Montpetit), uma jovem vampira que é demasiado sensível para matar humanos e se alimentar, e não está equipada com os necessários dentes pontiagudos, que se recusam a crescer. Quando os pais, também vampiros, lhe cortam o fornecimento de sangue dos saquinhos que guardam no frigorífico, ela conhece Paul (Félix Antoine-Bénard), um adolescente solitário, deprimido, maltratado pelos colegas do seu liceu e com tendências suicidas, que se oferece para ser a sua primeira vítima. Só que ficam amigos, à beira de serem namorados, e Sasha vê-se incapaz de fazer mal a Paul. Esta primeira longa-metragem de Ariane Louis-Seize sobre dois adolescentes outsiders, uma vampira, outro humano, é deliciosamente original e muito mais afectuosa do que assustadora, preferindo a melancolia e o humor negro aos sustos e ao sangue (que também corre, mas apenas o estritamente necessário ao enredo). A realizadora brinca, em simultâneo, com os estereótipos dos filmes sobre adolescentes angustiados e com problemas de aceitação e inserção social, e com os códigos e os lugares-comuns dos filmes de vampiros (aqui, os vampiros têm médicos como eles que podem consultar, e têm que ter o trabalho de andar a enterrar as suas vítimas à noite), e fornece explicações racionais para fenómenos como a o horror ao sol e a reacção às cruzes (“É uma espécie de alergia”, explica Sasha a Paul). Sarah Montpetit é excelente e discretamente expressiva no papel da “gótica” e tímida Sasha, bem acompanhada por Félix Antoine-Bénard no gentil e sofredor Paul. Um dos melhores e mais originais filmes de vampiros dos últimos tempos.