Ubu

Na sua primeira longa-metragem de ficção, Paulo Abreu escolheu adaptar a obra teatral Rei Ubu escrita por Alfred Jarry no final do século XIX, que o realizador, também artista visual e director de fotografia, filma a preto e branco, remetendo igualmente no formato escolhido (4:3) para as formas e as atmosferas do cinema clássico. Este Ubu é uma fita visualmente apurada (destaque para os cenários de exterior escolhidos e para o trabalho com o guarda-roupa) e enérgica, levada por um ritmo endiabrado e servida por um elenco que corresponde à altura, fiel ao espírito paródico do teatro tradicional (sobretudo das obras de Shakespeare) que anima a peça de Jarry, bem como à sua veia anarquizante e à sátira intemporal ao mau uso e ao abuso do poder. Uma boa surpresa falada em português.