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George Miller, o autor da série Mad Max, adapta aqui um conto da escritora A.S. Byatt, sobre uma solitária professora de Narratologia (Tilda Swinton) que vai a um congresso a Istambul e compra um frasco artesanal de onde sai um génio (Idris Elba), que lhe concede os tradicionais três desejos. O que se segue não tem nada de tradicional, porque ambos se põem a trocar histórias das suas respectivas vidas, e o génio domina a conversa a contar como é que acabou aprisionado por três vezes ao longo dos séculos.
Três Mil Anos de Desejo privilegia um tipo de fantástico de ambiente oriental e é, tanto neste aspecto como no tema da importância, da necessidade e do poder das histórias, um filme saborosamente anacrónico e com um lado kitsch deliberado, mesmo no uso dos efeitos especiais, e com um coerência interna inatacável. O encanto do enredo e atmosfera de magia esmorecem quando a acção passa para Londres, e o final é decepcionante, já que Miller prefere satisfazer quer as personagens, quer os espectadores, com uma conclusão (relativamente) feliz, em vez da conclusão amarga que estaria de acordo com a lógica da intriga. Swinton, por uma vez, não está insuportável e Elba é adequadíssimo no génio que tem um código deontológico e que, pela sua natureza elemental, tem dificuldade em viver no nosso mundo sobrecarregado de ondas e impulsos electromagnéticos.