Depois de ter feito duas curtas-metragens, Rhoma Acans e Balada de um Batráquio, esta vencedora do Urso de Ouro do Festival de Berlim na respectiva categoria, Leonor Teles aventurou-se a rodar a primeira longa, que tomou a forma de um documentário, Terra Franca, filmado na sua Vila Franca de Xira natal.
A realizadora escolheu fixar-se no dia-a-dia de Albertino Lobo, um pescador da zona, da sua mulher, que tem um pequeno café, e das duas filhas do casal, uma das quais está a preparar o casamento. Ao fim de 20 minutos, Terra Franca esgota o seu tema, porque, sendo inegavelmente pessoas respeitáveis e de trabalho, o senhor Albertino e a sua família levam vidas normalíssimas, quotidianíssimas, repetitivas, sem um pormenor curioso ou um aspecto aliciante em particular, que dariam uma curta documental, mas são curtas, muito curtas, e sem interesse suficiente para justificar um filme de quase hora e meia. É como estar na companhia de pessoas às quais não temos mais nada a dizer pouco depois de as conhecermos. E nem sequer ficamos a saber seja o que for sobre o que é morar em Vila Franca ou viver da pesca no Tejo no século XXI.
Por Eurico de Barros