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Steven Soderbergh tinha anunciado que se ia retirar da realização para se dedicar à pintura, mas afinal faltou à verdade que nem o mais descarado dos políticos. Pouco depois de ter feito esta afirmação, realizou Por Detrás do Candelabro e a série The Knick, e fotografou e montou, sob pseudónimo, Magic Mike XXL. E agora aparece Sorte à Logan.
É uma versão sulista, populista e de forte sotaque local de Ocean’s Eleven – Façam as Vossas Apostas (Soderbergh até goza com isso a certa altura do filme), com Channing Tatum e Adam Driver em vez de George Clooney e Brad Pitt, interpretando os irmãos Logan, Jimmy e Clyde, um divorciado e recém-desempregado, outro solteiro, barman e veterano mutilado do Iraque, que planeiam e levam a cabo um ousado assalto durante uma corrida de stock cars da NASCAR em Charlotte, na Carolina do Norte.
Sob o signo de uma celebérrima canção de John Denver, Soderbergh assina, em Sorte à Logan, um divertimento engenhoso, castiço, muito ritmadoequecontornavárias convenções do formato (não há uma única perseguição de carros, por exemplo), se bem que a pedir a ocasional suspensão da descrença ao espectador (a evasão da cadeia força um bocado a nota) e sem gozar (demais) com os nativos de Dixie.
Uma palavra ainda para a morenaça Riley Keoughn a irmã despachada e sem papas na língua de Jimmy e Clyde, e para Daniel Craig, tatuado e de cabelo oxigenado, no papel do perito rebenta-cofres apropriadamente chamado Joe Bang.
Por Eurico de Barros