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O azar de Oliver Stone foi que Laura Poitras se lhe antecipou com o documentário Citizenfour, de 2014, onde ficou dito e exposto praticamente tudo o que é relevante sobre a figura de Edward Snowden, a sua denúncia das ilegalidades e das violações de privacidade cometidas pela National Security Agency no trabalho de vigilância e monitorização nacional e global das ameaças à segurança dos EUA, as razões que o levaram a isso, e as implicações para as liberdades civis e individuais que daí decorrem. Este Snowden, com Joseph Gordon-Levitt plenamente convincente no papel do título, fica como um complemento entre o biográfico, o reiterativo e o romanesco do oscarizado documentário de Poitras (aqui personificada por Melissa Leo nas sequências em que são recriados os dias que ela passou, em Junho de 2013, com dois jornalistas do Guardian, no hotel de Hong Kong onde Snowden lhes marcou encontro para se dar a conhecer e fazer as suas revelações).
O realizador está obviamente do lado de Edward Snowden, mas o Stone de Snowden não é o Stone em fúria indignada e virtuosa de filmes anteriores como JFK ou Nascido a 4 de Julho. O que priva a fita de um extra de agitação emocional e cinematográfica de que, neste caso, talvez tivesse beneficiado.
Eurico de Barros