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Outrora uma das grandes esperanças do cinema indie americano, Keanu Reeves tem agora uma carreira híbrida, que dispara em todas as direcções, combinando o cinema de acção de bilheteira farta (a série John Wick, que já tem um terceiro título em pós-produção), as produções de artes marciais e de fantasia para o mercado asiático (O Homem do Tai Chi, 47 Ronin – A Grande Batalha Samurai), a ocasional comédia romântica (Destination Wedding) ou fitas inenarráveis como O Demónio de Néon ou Terra Sem Lei. Até uma terceira aventura de Bill & Ted vem aí, Bill & Ted Face the Music, quase 30 anos depois do filme original.
Além de principal intérprete, ele é também um dos produtores de Sibéria, de Matthew Ross, argumentista da série Nashville, uma daquelas fitas independentes que se financia, produz e vende à custa de um cabeça de cartaz com peso na indústria (ou seja, o próprio Keanu Reeves).
Rodado entre a Rússia e o Canadá, Sibéria é um thriller que pretende cultivar uma melancolia desencantada que caracteriza um certo tipo de policiais ditos de autor, caso de O Americano, de Anton Corbijn.
Keanu dá corpo a Lucas Hill, um negociante internacional de diamantes que tem um importante negócio aprazado com um mafioso de São Petersburgo. Mas o seu sócio russo desaparece com os diamantes, e Lucas tem que pedir ao mafioso que lhe dê um prazo, para que o possa encontrar, e às pedras preciosas, e concretizar a transacção. Para isso, ruma a uma cidade mineira da Sibéria, onde o irmão do sócio vive, e lá envolve-
-se com a dona do café local, Katya (Ana Ularu).
A certa altura do filme, Lucas diz a um colega sul-africano: “Vês filmes de espionagem a mais.” O espectador, por seu lado, bem que podia dizer a Matthew Ross: “Devias ter visto mais filmes de espionagem”. É que Sibéria, embora esteja cheio de figuras, situações e lugares comuns do thriller de espionagem, não consegue fazer nada de minimamente original, interessante ou emocionante com eles. É só tédio.
Ao contrário dos diamantes falsos que Lucas impinge ao mafioso, Sibéria nem por um minuto nos persuade que não é fancaria.
Por Eurico de Barros