Há três rufias que fazem a vida negra a Conor na escola. E isto ainda é o menos, pois, ao mesmo tempo, a mãe sofre de cancro cada vez mais debilitante apesar do tratamento, o pai esteve sempre ausente pelo que não tem utilidade, e a avó é na verdade uma desconhecida. O miúdo fecha-se em si, tem pesadelos constantes, nos momentos de bonança imagina mundos. E, às tantas, lá está, um monstro à janela.
Nada menos que uma antiga e muito imponente árvore (Liam Neeson), que, com a precisão da alta relojoaria, surge exactamente à meia-noite e sete. E que vem com uma proposta: vai contar-lhe três histórias antes de contar uma quarta, mas essa tem de partir de Conor (Lewis MacDougall), isto é, revelar a sua virtude. Através dessas narrativas, baseadas no romance fantástico A Monster Calls, de Patrick Ness, que a realização de J. A. Bayona apresenta como aguarelas animadas de grande singeleza plástica, este rapaz de 13 anos vai conhecer as coisas do mundo antes de o seu mundo mudar.
Drama de crescimento, portanto, onde a mais profunda tristeza convive com um optimismo sereno, remetendo para final moralmente feliz, que o realizador regista com sensibilidade, embora, por vezes, tentando forçar a lágrima. A direcção de Bayona (apoiada na solidez do elenco: Sigourney Weaver, Felicity Jones, Toby Kebbell), ainda assim, e apesar de um pouco irregular na transição entre realismo e fantasia, cria um clima de identificação e comoção particularmente eficaz e redentor.