Eternamente militante, Vanessa Redgrave anda agora a fazer campanha pelos refugiados e sentiu a necessidade de rodar um documentário para dar mais força à sua causa humanitária de eleição. Está no seu pleno direito. Só que Sea Sorrow (o título remete para uma fala da personagem de Próspero em A Tempestade, de Shakespeare), é um filme amador, mal atamancado, que se farta de confundir alhos com bugalhos e chapadamente unilateral, muito mais propaganda emocionada do que um documento objectivo, e que acaba por funcionar contra a causa que pretende advogar.
Há momentos embaraçosos de tão primários e sentenciosos, como aquele em que Redgrave, com uma enorme foto pronta-a- comover de crianças refugiadas em fundo, assume a pose de uma veneranda professora que debita datas e banalidades sobre a história dos direitos humanos para uma turma de alunos adolescentes e desinformados. E termina mostrando, enlevada, um poster fofinho desenhado por uma das netas.
Entretanto, o encerramento do enorme campo de refugiados de Calais, a controversa “Selva”, ainda durante a presidência de François Hollande, tirou alguma actualidade a Sea Sorrow.
Por Eurico de Barros