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Às tantas diz uma personagem ao protagonista: “Mata a pessoa que és para te tornares na pessoa que queres ser.” E com esta sentença está mais ou menos escrita a ambição de Dexter Fletcher: não ser um realizador de biografias musicais como os outros e, ao invés do caminho habitual, explorar a importância artística para a música pop da transformação de Reginald Kenneth Dwight em Elton John através da interpretação de Taron Egerton.
Pois. De boas intenções está o inferno cheio e o fogo de artifício abunda em Rocketman. O que, bem vistas as coisas, descontada a vulgaridade, quando não o mau gosto generalizado das canções, ainda é o melhor da película. Apesar de procurar a excepção, a espaços avistada em uma ou outra sequência musical, a realização conformou- se ao modelo. E pronto, aqui está mais uma história de rapaz desajustado e talentoso, que lutando contra o escárnio e o preconceito se vai chegando ao sonho, conhece o compositor Bernie Taupin (Jamie Bell) e, com altos e baixos, drogas e copos e sexo, a sua carreira, já francamente colorida, torna-se uma exibição de lantejoulas que fazem dos concertos e da vida uma celebração kitsch onde a música, a bem dizer, é um acessório, pois o que interessa é a celebridade.
Por Rui Monteiro