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Crítica

Reviver o Passado em Montauk

4/5 estrelas
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  • Recomendado
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A Time Out diz

O passado gosta de nos pregar partidas. Por vezes cruéis, e também por nossa culpa, com a nossa colaboração. Para Max Zorn (Stellan Skarsgard), o herói do novo filme de Volker Schlondorff, Reviver o Passado em Montauk, um escritor alemão que está em Nova Iorque em promoção de um livro novo, o passado tem a forma de Rebecca (Nina Hoss), a mulher que amou há quase 20 anos e que redescobre ali, a trabalhar num escritório de advogados. Apesar de estar com a mulher, que o adora, Max acaba por ir parar com Rebecca a Montauk, onde viveram o auge do seu extinto romance.

O filme é um compósito autobiográfico, a começar pelo conto do escritor Max Frisch que adapta. Schlondorff, que era amigo de Frisch, decalcou a personagem de Max Zorn dele, e injectou-lhe dados da sua própria vida, tal como o romancista irlandês Colm Tóibín, com quem escreveu o argumento. Reviver o Passado em Montauk glosa uma frase que Max cita do seu livro logo no início, numa leitura pública. É a história de uma tentativa de correcção de um erro do passado, que nunca mais deixou de assombrar quem o cometeu. E quando surge a oportunidade de o tentar corrigir, descobre-se que que não se pode ir buscar o futuro desejado a um passado extinto.

Este é o melhor filme de Volker Schlondorff em muitos anos, um melodrama sem a menor ilusão romântica, uma elegia outonal por 
um amor irrecuperável. Stellan Skarsgard é estupendo no escritor fala-barato e presunçoso, que julga que pode ter sol na eira e chuva no nabal, e Nina Hoss faz uma Rebecca relutante e realista, e presa a uma tragédia pessoal. A elíptica e fugidia cena íntima entre ambos,comosefossemespectros,sintetiza este filme sobre os fantasmas de um amor para sempre perdido.

Por Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Duração:106 minutos
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