O Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda já sofreram muitos tratos de polé no cinema, nomeadamente às mãos dos Monty Python em Monty Python e o Cálice Sagrado (1975). Mas será difícil maltratá- -los e abastardá-los mais, e à matéria arturiana em geral, do que Guy Ritchie faz em Rei Artur: A Lenda da Espada.
O realizador de Porcos e Diamantes pega em meia dúzia de elementos e de personagens da lenda e encaixa-os numa história de sword & sorcery descaradamente reminiscente de O Senhor dos Anéis, onde também há lugar para lutadores de kung fu e vikings, a “diversidade” é devidamente respeitada (um dos cavaleiros é negro) e os protagonistas falam todos como as personagens dos filmes de acção cockney do realizador (a certa altura, Artur dirige-se a um sujeito da seguinte forma: “Oi! You there, sunshine!”).
O canastrão Charlie Hunnam interpreta Artur, que nesta versão foi criado num bordel da Londres de então para não ser assassinado pelo seu cruel tio Vortigern (Jude Law), que lhe matou a família para ficar com o trono, e volta a Camelot para se vingar, depois de ter tirado Excalibur da pedra. Há muita magia, muita pancada e anacronismos a dar com um pau neste filme absurdo, previsto para ser o primeiro de seis.
Por Eurico de Barros