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Quando nascemos num país, e crescemos e nos formamos noutro muito diferente, a que lugar pertencemos? Esta é a grande pergunta posta pelo realizador franco-cambodjano Davy Chou em Regresso a Seul, onde Frankie (a estreante Ji-Min Park), nascida na Coreia do Sul, mas dada para adopção pelos pais quando ainda era bebé a um casal francês, e criada por estes com todo o amor em França, regressa, aos 25 anos, ao seu país de origem para saber da sua família. O realizador não tem respostas fáceis nem prontas-a-reconfortar, tanto mais que Frankie não é propriamente muito simpática, não fala coreano, tem dificuldade em se integrar na sociedade que está a descobrir, e nutre grandes ressentimentos para com o pai e a mãe biológicos, que ainda estão vivos, por eles a terem abandonado (ver a relação difícil com o pai, que ela encontra muito antes de conseguir chegar até à mãe). Regresso a Seul é também sobre a evolução pessoal de Frankie, já que a história se desenrola ao longo de quase dez anos, e Davy Chou até a faz mudar fisicamente, à medida que o tempo decorre e a personagem é afectada pelo que vai passando e pelas pessoas com que se vai cruzando. Apesar de alguns tempos mortos, este é um filme discreto, sensível e atento à complexidade e imprevisibilidade das emoções humanas, que nem no final se descai para oferecer uma resolução feel good e “arrumadinha”, quer a Frankie, quer ao espectador.