Quatro amigos cinquentões juntam-se para comemorar o regresso ao país de um quinto, que esteve fora 16 anos. Pouco a pouco, a conversa passa da evocação dos bons velhos tempos para os problemas e frustrações de cada um, até que os amigos começam a recriminar-se uns aos outros.
O facto de estarmos em Cuba em vez de num país ocidental livre como a Itália de Tão Amigos que Nós Éramos, de Ettore Scola (1974), ou os EUA de Return of the Seacaucus Seven, de John Sayles (1979), e Os Amigos de Alex (1983), de Lawrence Kasdan, dos quais este filme de Laurent Cantet (A Turma) é formal e dramaticamente devedor, e do quinto amigo ter estado exilado em Madrid, introduz uma nota nova na amargura do balanço pessoal e geracional feito pelos protagonistas, a quem a ditadura castrista frustrou esperanças, sonhos e carreiras, quebrou ânimos e separou familiares.
Cantet, que também assina o argumento com o grande escritor cubano Leonardo Padura, dá aqui largas ao seu gosto por filmar retratos de grupo com fundo socio-político e personagens em agitação íntima colectiva.
Eurico de Barros