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A nova bizarrice do grego Yorgos Lanthimos, autor de Dentes e A Lagosta, é esta fantasia neo-frankensteiniana, cyberpunk e a armar ao pingarelho de feminista, passada num mundo vitoriano alternativo. Emma Stone é Bella Baxter, uma jovem grávida salva do suicídio por afogamento por um cirurgião desfigurado, Godwin Baxter (Willem Dafoe), que lhe troca o cérebro pelo do seu bebé não-nascido e a transforma numa criança mimada e colérica, mas de vasto apetite sexual, e cujo rápido desenvolvimento o seu salvador e guardião segue cuidadosamente. Um dia, Bella quer ir conhecer o mundo do qual Godwin a quer resguardar, e acaba, depois de esgotar sexual e financeiramente o seu amante (Mark Ruffalo), a prostituir-se num bordel de Paris. É difícil dizer o que é mais lamentável em Pobres Criaturas: se o infantilismo pseudo-“transgressor”, raso e cansativo da história, se os maneirismos visuais da realização, se os tratos de polé a que Lanthimos submete a pobre Emma Stone, muito convencida que está a interpretar um papel de grande substância dramática e “significado” profundo. A fita está nomeada para 11 Óscares, e é caso para dizer que os Óscares já não são o que eram.