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Leitão de Barros realizou, em 1944, Inês de Castro, onde contou com a colaboração de dois poetas, um português (Afonso Lopes Vieira) e outro espanhol (Manuel Machado). Mais de 70 anos depois, o cinema nacional regressa à narrativa do mito inesiano do amor eterno, pela mão de António Ferreira, em Pedro e Inês, que adapta A Trança de Inês, de Rosa Lobato Faria e conta a história de D. Pedro e D. Inês em três tempos diferentes, unidos por uma mesma paixão trágica e transcendente: no século XIV em que foi vivida, no presente, e num futuro distópico. Os dois papéis principais são sempre interpretados pelos mesmos actores – Diogo Amaral e Joana de Verona – tal como as personagens secundárias.
É uma empresa ambiciosa por parte do realizador de Esquece Tudo o que te Disse, e só parcialmenteconseguida,porque falta ao filme a necessária coesão formal, de tom e dramática. A sequência passada no Portugal medieval é minguada na recriação da época e Diogo Amaral não consegue ser um D. Pedro convincentemente brutal e temível; a actual é a mais aceitável, e a futurista, passada numa comunidade agrária, roça às vezes a comicidade involuntária. Um dos Pedros é o narrador omnipresente e omnisciente, mas também prolixo e pomposo. Há esforço, qualidade e vontade de fazer bem em Pedro e Inês, embora o filme fique aquém do desejado.
Por Eurico de Barros