Nascida em Nápoles nos anos 50, Parthenope é uma mulher que tem o nome clássico da sua cidade, e da sereia da mitologia que o inspirou. O também napolitano Paolo Sorrentino, autor de A Grande Beleza e A Mão de Deus, dá-lhe aqui os traços da belíssima estreante Celeste Dalla Porta na juventude, e de Stefania Sandrelli na idade adulta, acompanhando a sua busca pelo amor e pela felicidade nos longos verões de Nápoles. Sorrentino usa Parthenope não só como a personagem principal desta história, mas também como uma emanação feminina da cidade, e uma guia do espectador para a mesma e para a sua identidade colectiva, reflectindo a relação complexa que o próprio realizador tem com Nápoles.
O gosto de Paolo Sorrentino pelas alegorias e pelo grotesco, e as influências de Fellini, manifestam-se também em Parthenope, em que o autor de A Grande Beleza medita também, usando a protagonista como mediadora, sobre a brevidade gloriosa da juventude, a inevitabilidade da passagem do tempo e o poder avassalador da beleza, que a heroína, aliás, nunca usa em seu favor. Apesar de, tal como o seu filme anterior, o autobiográfico e terra-a-terra A Mão de Deus, se passar também em Nápoles, Parthenope está em tudo nos antípodas deste, e por isso poderá mesmo fazer torcer o nariz a alguns admiradores e defensores de Sorrentino.
Gary Oldman tem uma pequena participação no papel de John Cheever, o escritor favorito de Parthenope.