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Para quê rodar uma nova versão de um filme aclamado no seu tempo, interpretado por duas das maiores estrelas de Hollywood na altura, Steve McQueen e Dustin Hoffman, e produzido com todos os efes e erres pela máquina industrial do cinema americano, quando nem sequer se tem dois actores minimamente consagrados para ocupar os papéis principais, os valores de produção não estão à altura dos do original e pouco – ou quase nada – de novo há a acrescentar à história do encarceramento, nos anos 30 do século passado, de Henri Charrière, vulgo Papillon, numa cadeia da Guiana Francesa, e suas subsequentes tentativas de fuga?
Michael Noer e os produtores deste novo Papillon terão talvez pensado que a narrativa de Charrière tinha suficientes motivos de interesse, e mesmo intemporalidade, para ser contada mais uma vez a uma nova geração de espectadores submetida a uma overdose de filmes bombásticos passados em mundos de fantasia ou cheios de super-heróis. Só que o filme, mesmo procurando manter-se fiel à história original, salvo uma ou outra omissão, ou com mais um ou outro acrescento, não consegue ultrapassar a competência rotineira, do ramerrame certinho. E quem conhece a fita de 1973, que sem ser brilhante é um bom exemplo da produção média de indústria americana, não precisa de muito tempo para perceber que, na comparação, quem perde é este Papillon de Michael Noer.
Charlie Hunnam, que faz de Papillon, assemelha-se assombrosamente a Steve McQueen, e Rami Malek, que personifica Louis Dega, tem o físico e uma voz muito parecidos com os de Dustin Hoffman. Mas não chegam para tirar Papillon da banalidade e dar-lhe vigor comercial.
Por Eurico de Barros