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Crítica

Os Traficantes

3/5 estrelas

Dois amigos ingénuos decidem entrar no mercado militar e traficar armas. Uma história que tem tanto de verídica como de surreal

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A Time Out diz

Em 2007, durante a guerra do Iraque, dois amigos tentam enganar o Pentágono. Depois de o governo americano abrir os concursos para compra de armamento a pequenas empresas privadas, David (Jonah Hill) e Efraim (Miles Teller) juntam-se para tentar entrar nesse mercado militar. O facto de nenhum deles ser negociante de armas, muito menos ter qualquer experiência naquelas cavalgadas (Efraim é massagista), não impede que avancem e, mais, que desatem a fechar contratos, um deles de 300 milhões de dólares.
 
A história parece incrível, o que significa que tinha de ser verdadeira, como é. Baseado num livro chamado Arms and the Dudes, escrito pelo jornalista Guy Lawson a partir de um artigo seu de 2011 na revista Rolling Stone, Os Traficantes é uma comédia de acção sobre um episódio tão assustador por tudo o que revela sobre o comércio internacional de armas que só nos resta rir do descaramento acabado dos principais envolvidos, nenhum mais do que o personagem fatal interpretado por Bradley Cooper. Ao pé dele, David e Efraim são expostos como os meninos de coro, com imensa lata e a necessária falta de escrúpulos mas sem estaleca, que sempre foram.
 
Realizado por Todd Philips naquele seu estilo nervosinho e impaciente, umas vezes perfeitamente alinhado com a cena que se desenvolve à sua frente, outras totalmente à revelia da situação que pretende ilustrar, que conhecemos bem de A Ressaca, Os Traficantes é uma espécie de O Lobo de Wall Street ou The Big Short mas em ambiente de casino militar em vez de no mundo das apostas em acções.
 
Tem também alguma coisa de Jogos de Poder, o filme de Mike Nichols com Tom Hanks e Julia Roberts sobre os processos comicamente irresponsáveis, aí ao nível do Congresso e dos senadores, por trás da venda de armas aos parceiros dos EUA durante a primeira guerra do Afeganistão.
 
O melhor de Os Traficantes é toda a primeira parte, quando os dois amigos aprendem a ser artistas do golpe, conseguem os primeiros sucessos, e crescem em ambição e descaramento. Estes 45/60 minutos, que podiam chamar-se “Let’s put on a show e ganhar montes de massa”, são a mistura certa de buddy movie, leviandade geral, alegria infantil e capitalismo selvagem que fazem da ascensão numa boa história de ascensão e queda feita por americanos um espectáculo sempre contagiante.
 
A segunda parte, a do choque com a realidade, é um pouco mais penosa - apesar de ser o autor de A Ressaca, é notório que Philips está mais à vontade com a encenação da bebedeira inicial do que com a ilustração dramática das consequências. No acto dois o argumento avança aos solavancos e aos saltos temporais caóticos, e o filme desconjunta-se com ele, incapaz de resistir aos impactos de uma escrita e uma arquitectura mais frágeis e improvisadas.
 
Sobram Cooper, saborosamente sinistro no papel de vilão entre vilões, e Jonah Hill, que mais uma vez transcende a sua figureta de protagonista improvável a força bruta de personalidade e energia eléctrica.
 
Nuno Henrique Luz

Detalhes da estreia

  • Classificação:15
  • Data de estreia:sexta-feira 26 agosto 2016
  • Duração:114 minutos

Elenco e equipa

  • Realização:Todd Phillips
  • Argumento:Todd Phillips, Stephen Chin, Jason Smilovic
  • Elenco:
    • Miles Teller
    • Jonah Hill
    • Ana de Armas
    • Bradley Cooper
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