RKO Radio Pictures/Photofest

Crítica

Os Olhos de Orson Welles

3/5 estrelas
  • Filmes
  • Recomendado
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A Time Out diz

O irlandês Mark Cousins, autor do ambiciosíssimo e pessoalíssimo A História do Cinema: Uma Odisseia, parte, em Os Olhos de Orson Welles, de uma caixa de desenhos e pinturas do realizador que “encontrou” num depósito em Nova Iorque, a que junta outras obras do acervo da filha deste, Beatrice, bem como de arquivos vários, para através deles oferecer a sua interpretação não só dos filmes, como também da personalidade e da vida de Welles.

O documentário é narrado pelo próprio Cousins como se se tratasse de uma carta enviada ao autor de O Mundo a Seus Pés, e de acordo com ele – e na primeira de muitas afirmações arriscadas, quando não mesmo forçadas, deste filme – Orson Welles desejou, primeiro que tudo, ser pintor. O que não se compagina com o interesse precoce do biografado pela encenação teatral e pela rádio, e pelo ilusionismo (uma faceta de Welles que Cousins ignora aqui em absoluto).

Embora haja bastantes coisas relevantes e pertinentes nesta abordagem feita por Cousins, sobretudo no que respeita às influências da pintura nos filmes de Orson Welles, são várias as alturas de Os Olhos de Orson Welles em que sentimos que Mark Cousins está a tentar meter uma peça redonda numa cavilha quadrada. Sobretudo quando envereda pelas associações à vida pessoal e sentimental do cineasta.

Cousins também se
demora a falar do Welles mais “progressista” dos anos 30 e
 40, e da sua paixão por justiça social, com conclusões por vezes arrevesadas (a história do soldado negro tão brutalmente espancado por um polícia numa cidade do Sul dos EUA, que ficou cego, e que terá impressionado e indignado o realizador por ele ser uma pessoa “muito visual”).

O principal interesse do documentário acaba mesmo por ser os desenhos e as pinturas de Orson Welles, várias das quais nunca antes vistas, mas que não são inteiramente desconhecidas. Foi aliás publicado no início deste ano o livro Orson Welles Portfolio: Sketches and Drawings from 
the Welles Estate, que compila uma boa parte da sua produção artística.

Por Eurico de Barros

Detalhes da estreia

  • Classificação:12A
  • Data de estreia:sexta-feira 17 agosto 2018
  • Duração:112 minutos

Elenco e equipa

  • Realização:Mark Cousins
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