O compositor e pianista russo Oleg Karavaychuk, que morreu no ano passado, aos 89 anos, era um figura extravagante, com o seu ar andrógino, a sua cabeleira desarrumada e a sua voz de cana rachada, que lhe valeram a alcunha de “o compositor louco”. Nos anos 50, Karavaychuk foi proibido de tocar, e dedicou-se a compor música para os filmes de cineastas como Sergei Parajanov ou Kira Muratova, e a colaborar com artistas de vanguarda.
Foi ao ouvir a sua música num filme de Muratova, e ao ver no YouTube um vídeo dele a tocar piano, que Andrés Duque, venezuelano radicado em Espanha, o descobriu, e rumou à Rússia para fazer um filme sobre ele. Em Oleg y las Malas Artes, Duque dá carta branca a Karavaychuk, que fala sobre os tempos de Estaline e Putin, toca o piano de Nicolau II no Hermitage e expõe as suas originais teorias sobre música. É pena que a fita seja tão curta e saiba a tão pouco, porque ficou mesmo muito por contar.
Por Eurico de Barros