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Esgotada que ficou, ao terceiro título, a série de filmes Ocean’s... de Steven Soderbergh, encabeçada por George Clooney e Brad Pitt, eis agora esta tentativa de continuar a capitalizar na franchise, transportando-a para o universo feminino e aproveitando estar na moda o feminismo (no caso vertente, um mero alibi para apontar o filme ao seu mais do que óbvio alvo de mercado: as mulheres).
Em Ocean’s 8, Sandra Bullock interpreta Debbie Ocean, irmã do Danny Ocean personificado por Clooney nos três filmes masculinos. Debbie sai da cadeia com um plano todo gizado para levar a cabo um daqueles roubos impossíveis como os que o mano executava nos casinos de Las Vegas: uma valiosíssima jóia francesa, durante a gala anual do Met de Nova Iorque.
Debbie precisa só de arranjar financiamento e reunir uma equipa de mulheres especialistas em várias áreas, desde a informática à joalharia. O mesmo é dizer que Ocean’s 8, realizado por Gary Ross, não tem um grão de areia de novidade que seja em relação aos seus equivalentes interpretados por Clooney e Pitt.
Trata-se de uma mera, mecânica e previsível transposição da fórmula dos filmes da trilogia original para o seio de um grupo de assaltantes do sexo feminino. Ross, também autor do argumento com Olivia Milch, até imita o estilo cool de Soderbergh (que é produtor executivo), e a certa altura da história, tal como sucede naqueles, a inverosimilhança assenta arraiais e a fita passa de heist movie sofisticado a pura fantasia.
Ocean’s 8 serve apenas para lavarmos os olhos em Bullock, Cate Blanchett e em Ann Hathaway e Helena Bonham Carter, ambas muito divertidas, aquela numa celebridade falsa tonta, esta numa estilista neurótica que passou de moda.
Por Eurico de Barros