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O homem chegou à Lua a 20 de Julho de 1969, mas foi preciso esperar quase meio século para que se fizesse o primeiro filme sobre essa proeza histórica. Em rigor, esta fita de Damien Chazelle é menos sobre a viagem da Apollo XI do que sobre o primeiro homem a pisar a superfície lunar, Neil Armstrong, como reza o título.
O registo do filme é totalmente filtrado e ditado pela personalidade de Armstrong, um brilhante engenheiro aeronáutico, aviador dotado e homem modesto e reservado.
Daí que O Primeiro Homem na Lua seja um anti-Os Eleitos, de Philip Kaufman (1983), a celebração exuberante e patriótica dos astronautas do projecto Gemini. Do ambiente intimista à escassa espectacularidade, a fita de Chazelle é construída tendo como referente um Armstrong ensimesmado e parco de palavras e emoções, interpretado por um Ryan Gosling paradíssimo e falho de carisma, a quem Claire Foy, no papel da mulher, Jane, come as papas na cabeça.
O maior mérito do filme é a recriação do projecto Apollo, dos testes iniciais até à meta lunar, que torna ainda mais espantoso o feito, tendo em conta a tecnologia da época. E não tinha ficado mal ao realizador ter mostrado, nem que brevemente, a bandeira dos EUA a ondular na Lua. Afinal, foi uma proeza americana, e concretizada em plena Guerra Fria.
Por Eurico de Barros