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Já há bastante tempo que sabemos o que podemos esperar de um filme de Aki Kaurismaki : uma história que mistura dureza e compaixão, cepticismo em relação aos sistemas políticos e económicos e esperança na decência de pessoas avulsas, muita música retro, sobretudo rock e blues, uma realização sobriamente pragmática, algum humor visual nonsense, elencos com ar geralmente patusco e interpretações de quem está a jogar poker e não quer mostrar muita emoção (nem por acaso, há em O Outro Lado da Esperança uma sequência num antro de batota onde ninguém muda de expressão do princípio ao fim). Tal como em Le Havre, este filme trata (mas não só) de emigrantes clandestinos e de refugiados de guerra, e fá-lo com um angelismo tão bem-intencionado como simplista, que inevitavelmente dividirá opiniões.
Por Eurico de Barros