Se não é o filme de guerra mais estático de sempre, e onde se trocam mais palavras do que se disparam balas, O Muro, de Doug Liman, anda lá muito perto de ficar com a taça. Algures no meio do nada no Iraque, dois soldados americanos (Aaron Taylor-Johnson e a vedeta do wrestling John Cena), um deles gravemente ferido, são encurralados atrás de um muro por um sniper invisível. Este, além de ter uma pontaria letal, consegue também entrar na frequência de comunicações dos militares e começa a sarraziná-los, num inglês quase impecável, mostrando conhecimentos que um vulgar insurgente em princípio não teria.
Liman, que começou a sua carreira com dois filmes independentes muito promissores, Swingers (1996) e Go (1999), antes de se reconverter nas grandes produções de género (Identidade Desconhecida, Mr e Mrs. Smith, No Limite do Amanhã), regressa às origens com este filme de pequena escala feito para a Amazon.
Mesmo tendo em conta a tensão e a intensidade que o realizador lhe injecta e consegue manter, o conceito que sustenta O Muro é limitado e o filme estaciona na monotonia dramática, ainda que com o volume sempre alto. E depois, o que diabo está aquele muro ali a fazer, no meio de nenhures?
Por Eurico de Barros