Uma das consequências do empenho dos sucessivos governos americanos no combate ao tráfico de droga foi o aparecimento de um subgénero de filmes (e também algumas séries de televisão) sobre o tema. Estes variam entre produções de acção geralmente descartáveis e fitas mais apresentáveis.
Várias são baseadas em factos e narrativas reais, sobre os mecanismos de funcionamento do submundo do tráfico ou sobre personagens, quer do lado dos traficantes, quer do lado do combate institucional àquele, que sobreviveram para contar as suas histórias. A maior parte são passadas nos anos 80, a década grande do tráfico de narcóticos da América Latina – leia-se Colômbia – para os EUA.
É o caso de O Infiltrado, realizado por Brad Furman, que adapta à tela a autobiografia de Robert Mazur, um agente especial que se infiltrou na rede de lavagem de dinheiro da droga de Pablo Escobar, fingindo ser um homem de negócios corrupto com ligações internacionais, e contribuiu decisivamente para ela ser desfeita.
Bryan Cranston interpreta Mazur com robustez, bem coadjuvado por Diane Kruger, John Liguizamo e Benjamin Bratt, e é também produtor executivo de O Infiltrado, que mostra como o agente conseguiu mergulhar em profundidade no meio do narcotráfico e arriscou a vida, tendo chegado a ser alvo de um atentado.
O grande problema com O Infiltrado é que Brad Furman, além de ser um pézudo visual, não tem poder de síntese e o filme reitera, repete-se, embrulha-se e acaba por saturar. Parece que já não há realizadores no cinema americano mainstream que saibam contar bem uma história em hora e meia, 100 minutos.