Ao princípio era um poeta do modernismo brasileiro Jorge de Lima escrito em 1938. Anos, muitos anos depois, em 1983, A Túnica Inconsútil tornou-se bailado (que passou com êxito por Portugal) sem vergonha, na versão do Ballet Teatro Guaira, de incorporar na dança, além da música popular de Chico Buarque e Edu Lobo, técnicas sacadas à ópera e ao circo e ao teatro. Agora, este enredo que atravessa cinco gerações da família Knieps, é obra de Carlos Diegues e foi candidato brasileiro à nomeação ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Uma dúzia de anos depois da sua última longa-metragem, o realizador (que foi um figurão do cinema brasileiro, e teve o seu melhor desempenho em Xica da Silva, nos idos de 1976, conhecendo grande popularidade com Tieta do Agreste, uns 20 anos depois) parece ter perdido o jeito, tornando pardo o que no palco era luminoso.
Ainda assim, a banda sonora de Buarque e Lobo, as interpretações de Bruna Linzmeyer e Mariana Ximenes, ou desempenho fundamental de Jesuíta Barbosa (Vincent Cassel, Albano Jerónimo e Nuno Lopes também andam pelo elenco em papéis pouco mais do que decorativos) amenizam a dor de ver uma história andar para um lado e para o outro sem chegar a lugar nenhum significativo. Mas umas andorinhas não fazem a Primavera.
Por Rui Monteiro