Por muito que custe a alguns, Richard Gere é um bom actor. Principalmente desde que deixou a sua fase de galã, assumiu a idade e se atirou a argumentos mais complexos e realistas. Por outras palavras: sem Gere este filme vale pouco. Com ele é uma história aceitável, contudo realizada sem fulgor.
Tudo começa com a dor e o que fazer dela depois do filantropista Francis “Franny” Watts causar sem querer o acidente que matou os seus melhores amigos. A sua existência a dar para o excêntrico e para o exuberante despreocupado desapareceu. Agora vive vida de rico fechado em hotel de luxo emborcando grandes quantidades de álcool e analgésicos.
A possibilidade de redenção – que este é um filme moral e a personagem não é nenhuma variedade de Howard Hughes – surge com o telefonema de Olívia (Dakota Fanning), a filha, anunciando, logo de uma vez, casamento, gravidez e regresso a Filadélfia. O que desperta o protagonista do torpor.
Gere passa de agarrado a empenhado e outra vez a agarrado com a elegância de um grande actor, e assim vai mantendo o argumento vivo, enquanto o realizador o deixa deslizar para a agonia, reavivando de maneira moralista o fantasma do alcoolismo e da toxicodependência do protagonista. Ou seja: normalizando e encontrando um final comercialmente aceitável.