É Natal mas o Ben não pode ficar sozinho em casa. Nem no jardim. Nem na rua. Nem no centro comercial. É que o Ben (Lucas Hedges) é drogado e está em processo de desintoxicação numa clínica. O Ben veio passar as festas com a mãe (Julia Roberts), o padrasto (Courtney B. Vance), a irmã mais velha e os dois meios-irmãos mais novos, na sua casa dos subúrbios de Nova Iorque. E a grande dúvida, que é também o motor do suspense deste filme de Peter Hedges (pai de Lucas), é esta: será que o Ben vai ou não resistir à tentação e voltar a consumir?
Por isso, Holly, a mãe, vai estar sempre com ele, sempre em cima dele, por mais protestos que Ben faça de que está no bom caminho para a cura e que se vai portar bem nesta visita natalícia a casa, e que o aconteceu quando da última vinda não se repetirá. Holly quer muito acreditar nisto (ao contrário do marido, que está sempre de pé atrás), mas como o próprio filho diz a certa altura, nunca se deve acreditar num junkie. E não só as tentações são muitas, têm várias formas e estão em todo o lado, como também há um grande problema, que a família de Ben desconhece. O rapaz deve dinheiro ao seu dealer. E este manda-lhe um recado que ameaça estragar o Natal a todos.
A história de O Ben Está de Volta divide-se em duas, umbilicalmente ligadas. A da tentativa de Ben resistir a voltar a consumir e envolver-se com as pessoas erradas, e a da mãe, que tenta por todas as vias que isso não aconteça e zela pelo filho como uma leoa pela cria. Por isso, ela vai conhecer os bastidores de pesadelo e tragédia do consumo e tráfico de droga ocultos pela fachada pacata, próspera e decorada com luzes natalícias do seu subúrbio de classe média.
O filme é a espaços muito óbvio e melodramático na sua exposição dos horrores da droga, e Peter Hedges não tem coragem de levar o enredo até ás últimas consequências. Mas tem Julia Roberts completamente entregue a um papel todo ele feito para lhe dar uma nomeação ao Óscar, e em especial Lucas Hedges num Ben em estado de guerra permanente consigo mesmo, que não pode ficar sozinho em parte nenhuma. Nem sequer consigo mesmo.
Por Eurico de Barros