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Gal Gadot volta para mostrar que é uma excelente escolha para o papel de Diana Prince, a semideusa amazona da DC. Neste filme, ela desenvolve novos superpoderes da Mulher-Maravilha – incluindo a capacidade de se desenvencilhar de diálogos rendilhados – e dá um novo brilho a um franchise que enfatiza tanto a moralidade da história como as cenas espectaculares. A realizadora Patty Jenkins começa logo por aí: através de uma analepse que mostra uma jovem Diana (Lilly Aspell) a enfrentar adversários mais velhos numa espécie de versão sobredimensionada de Gladiador. Ela faz batota, e a mãe, Hippolyta (Connie Nielsen), ensina-lhe da forma mais dura que “nenhum herói nasce da mentira”. É uma cena de acção tão extraordinária que não nos importamos que o desfecho seja este. Mas a verdadeira batalha ainda está por vir: uma luta que se trava em Washington DC, nos anos 1980, entre a verdade e a mentira. É um mundo de lycras, bolsas à cintura e homens com comportamentos inapropriados. E Mulher-Maravilha 1984 não receia a arena política – afinal, o principal vilão é um empresário falhado feito celebridade televisiva com uma paixão por muros e péssimo corte de cabelo. É interpretado por Pedro Pascal, que corporiza o melhor vilão da DC em muito tempo. Mas não é o único antagonista neste filme (há ainda Barbara Minerva, papel de Kristen Wiig), e mesmo com 151 minutos nota-se uma certa dificuldade em manter o equilíbrio narrativo entre dois vilões, reservando ainda tempo para o romance entre Diana e Steve (Chris Pine). Claro que, para o final, a história torna-se um pouco pateta, e a prometida cena pós-créditos é só para fiéis devotos. Mas num ano em que o cinema tem visto tão pouco os seus espectadores, não podemos criticá-lo por se esticar um bocadinho.