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A história de ‘Mudbound’ passa-se no delta do Rio Mississípi, após a II Guerra Mundial, uma zona dos EUA onde há lama por todos os lados. Nem por acaso, o filme de Dee Rees, baseado no livro de Hillary Jordan, parece um carro atolado na lama: patina, anda de lado, mas não avança, não sai do sítio. E dura quase duas horas e meia.
A família McAllan, Henry, a mulher Laura, as duas filhas e o pai daquele, mudou-se de armas e bagagens para uma quinta no Mississípi, cuja produção principal parece ser – adivinharam – lama. Um dia, Jamie, o irmão mais novo de Henry, que pilotou bombardeiros na guerra, volta a casa. Jamie bebe demais, não faz nada na quinta e trava-se de amizade com Ronsel, um negro de uma família de rendeiros dos McAllan, que também combateu na Europa, deixou lá a alemã da qual teve um filho e sente-se tão frustrado e inútil como Jamie. Um sentimento também partilhado pela cunhada deste. Além da lama, o racismo também abunda na região. O próprio pai de Henry e Jamie é uma das figuras mais activas no Ku Klux Klan local, acabando por ter um episódio violento envolvendo o filho mais novo e Ronsel.
Monótono, penoso, atacado de astenia dramática, com personagens subdesenvolvidas, estereotipado e a transbordar de boas intenções sociais, Mudbound – As Lamas do Mississípi é uma espessa, indigesta e infindável estopada. Actores como Carey Mulligan e Garrett Edlund pouco têm que fazer, enquanto que Mary J. Bilge faz pose de mãe de família sofredora e estóica. O filme foi produzido pela Netflix, e devia ter ficado por lá.
Por Eurico de Barros