Esta segunda longa-metragem de João Nuno Pinto (autor de América, em 2010) não é aquilo que aparenta à primeira vista: um filme de guerra convencional sobre a desastrosa campanha do exército português em Moçambique, durante a I Guerra Mundial, tal como foi contada no livro Os Fantasmas do Rovuma, de Ricardo Marques (que, devidamente ficcionado e com um orçamento confortável, daria um filme ou série de televisão).
Mosquito centra-se num soldado, o jovem Zacarias (João Nunes Monteiro), que cai doente com malária após o desembarque na costa moçambicana, e uma vez recuperado, vai tentar alcançar a sua unidade, acabando por se perder no mato e viver um punhado de peripécias entre o perigoso e o alucinante.
João Nuno Pinto filma uma aventura de perda de inocência sob a forma de pesadelo febril, passada numa terra desconhecida e perigosa, com uma intenção antimilitarista e anticolonialista embutida. Mosquito peca por durar bastante mais tempo do que aquilo que tem para contar e transmitir. Depois de, a certa altura, começar a marcar passo, a odisseia de Zacarias torna-se previsível. E há aquele final do “castigo” do sargento boçal de António Lagarto, que, além de forçado, é ridículo.