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J.K. Rowling será uma escritora de truz, mas como argumentista deixa a desejar. Esta continuação de Monstros Fantásticos e Como os Encontrar, a sua nova série passada no mundo de feitiçaria de Harry Potter (e que é ao mesmo tempo uma prequela das aventuras deste e uma expansão do universo em que decorrem), de novo assinada por Rowling, tem uma narrativa confusa e exposta atabalhoadamente, com saltos, descontinuidades, coisas mal explicadas e outras apressadas. É uma consequência da maior complexidade do enredo de Monstros Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, em que o dito (interpretado por Johnny Depp como um vilão aristocrático maligno e com alguma grandeza) foge da cadeia e instala-se em Paris para instaurar a ditadura dos feiticeiros no mundo da magia e no nosso, com um álibi idealista e altruísta (numa das melhores sequências da fita, Grindelwald mostra aos seus acólitos uma visão do que será a II Guerra Mundial). Newt Scamander (Eddie Redmayne) persegue o mago, com os seus amigos e aliados, e recorrendo sempre que é preciso às criaturas que colecciona, que vão do ínfimo ao gigantesco. Esta parte II visita Hogwarts e acolhe um mais jovem Albus Dumbledore (Jude Law), é muito mais sombria do que o primeiro filme, introduz temas que nos são já familiares de Harry Potter (parentescos ocultos, identidades insuspeitas) e anuncia grandes confrontos para as próximas três partes. David Yates é mais gestor de efeitos especiais do que realizador, como sucede neste tipo de blockbusters feitos em grande parte com os computadores na pós-produção.
Por Eurico de Barros
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