[title]
É difícil dizer o que é pior em Mistério em Veneza, de Kenneth Branagh, que aqui interpreta Hercule Poirot pela terceira vez (após Um Crime no Expresso do Oriente e Morte no Nilo, que também realizou). Se o facto de Poirot, tal como Branagh o personifica, ser na verdade quase um anti-Poirot, de tal forma contraria, do aspecto físico e dos ridículos bigodes à caracterização psicológica, aos modos de ser e à traição à essência racional e “cerebral” da imortal personagem de Agatha Christie; se a retorcida e inverosímil história, vagamente inspirada no livro A Festa das Bruxas, transposto do campo inglês para a Veneza pós-II Guerra Mundial; se a realização amaneirada, arrevesada e cabotiníssima de Branagh. Mistério em Veneza é um crime de lesa-Poirot e um atentado à memória de Agatha Christie e do seu universo policial. Valha-nos São David Suchet!