[title]
Há toda uma tradição ligada aos textos apócrifos e gnósticos, segundo a qual a figura de Maria Madalena está muito longe de ser aquela que é apresentada e reconhecida pela ortodoxia cristã, dando-lhe um papel muito mais central e importante junto de Jesus Cristo (reivindicando mesmo uma relação íntima com este) e no seio dos apóstolos.
Uma das expressões mais recentes na cultura popular desta leitura heterodoxa da personagem surgiu em O Código Da Vinci, de Dan Brown. Este filme do australiano Garth Davis (Lion - A Longa Estrada Para Casa), onde Maria Madalena é personificada por Rooney Mara, inclui-se nesta linha alternativa e especulativa, mas radicalizando-a através de uma óbvia agenda feminista de ressonâncias contemporâneas, o que leva a que Maria Madalena proponha uma representação desmesuradamente fantasiosa da figura.
Maria Madalena é aqui, de facto, um 13o apóstolo e uma personagem quase tão importante como a de Cristo (um Joaquin Phoenix pouco empenhado no papel), a Sua lugar-tenente, principal interlocutora, intérprete privilegiada e portadora iluminada da Sua mensagem, que por isso se vê alvo da inveja e da hostilização dos outros 12 apóstolos. Rooney Mara tem uma interpretação mortiça e a realização é cerradamente maçuda. Nem um milagre salvava Maria Madalena.
Por Eurico de Barros