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Malcom (John David Washington) é um jovem realizador negro que acaba de assistir à antestreia triunfal do seu filme em Los Angeles; Marie (Zendaya) é a sua namorada, actriz e ex-toxicodependente. São os únicos protagonistas deste filme de Sam Levinson, rodado durante a quarentena. Fechados numa luxuosa moradia, lançam-se numa montanha russa de emoções, recriminações e ressentimentos. Marie ficou zangada com Malcom por ele ter dado o papel principal da fita a outra, quando baseou a personagem nela; Malcom diz que isso é mentira e que Marie não fez nada para justificar o papel. Tudo em Malcom & Marie (Netflix), do preto e branco lustroso aos monólogos em overdose de angústias, revelações, confissões e acusações azedamente esgrimidos pelo casal, passando pelo maneirismo cool do estilo visual do realizador e pela bílis lançada a espaços sobre o sistema de Hollywood, é exibicionista, raso, presunçoso e cabotino. Sam Levinson andou a ver filmes arty franceses dos anos 60 e 70 e de John Cassavetes a mais, e regurgitou este pastiche fátuo, cansativo e pseudo-“importante”, que desperdiça os seus dois bons intérpretes, em especial o vivaz filho de Denzel Washington.