Sem Mila Kunis, Kristen Bell e Kathryn Hahn o argumento e a realização de Jon Lucas e Scott Moore seriam pouco mais que um aglomerado de gagues ordenados em torno da ideia da mãe perfeita, senhora capaz de ser competente em múltiplas áreas, sejam profissionais, educativas, domésticas, sentimentais, sem nunca dar parte de fraca nem descobrir o amargo sabor da frustração. A não ser quando bebe uns copos.
Apesar dos defeitos da película (o principal dos quais é ser tão comedida que parece domesticada) serem apenas amenizados pela interpretação deste trio de mães que um dia resolve sair um bocadinho dos carris da conformidade e por um par de cenas realmente cómicas, uma coisa é certa: a segunda longa-metragem de Lucas e Moore não é uma versão de A Ressaca (de que foram argumentistas e com o qual ficaram ricos e famosos) para gajas.
O que, convenhamos, é pena, pois uma, mesmo que pequena dose de comédia descabelada a roçar o mau gosto vinha mesmo a jeito neste filme que, embora comece por desmontar o mito da perfeição da mãe suburbana nos Estados Unidos com alguma ironia, e forneça o seu quanto baste de reflexão sobre a necessidade de representação como forma de acesso a uma vida social, digamos, normal, de pronto se perde em piadas óbvias e condescendentes.
Rui Monteiro