Longlegs
Photograph: Neon

Crítica

Longlegs – O Colecionador de Almas

5/5 estrelas
Nicolas Cage é um pesadelo vivo no filme de terror sobrenatural mais arrepiante desde ‘Hereditário’.
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Phil de Semlyen
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A Time Out diz

Aos nove anos, já tinha o Anthony Perkins de Psico como pai e uma participação em Psico II, como um jovem Norman Bates. Talvez seja um exagero dizer que Osgood Perkins nasceu para fazer filmes de terror, mas é definitivamente um ganho para nós que a sua escolha de carreira o tenha conduzido a esta que é, até ao momento, a experiência de terror corporal e mental do ano.

Com Nicolas Cage no papel de produtor e do profundamente inquietante assassino em série, Longlegs – O Colecionador de Almas é uma obra de um brilhantismo arrepiante que deverá entusiasmar os fãs do género durante anos.

Cage é o protagonista, mas Maika Monroe, de Vai Seguir-te, é a figura-chave do filme. E está fantástica no papel de Lee Harker, uma agente do FBI nos Estados Unidos da era Clinton que tem instintos aparentemente telepáticos, poucas habilidades sociais e uma mãe religiosamente maluca (Alicia Witt). Algures nos subúrbios invernosos e nos remansos do Noroeste do Pacífico, um assassino em série está a deixar um rasto de famílias chacinadas e iconografia ocultista, apesar de nunca ter entrado nas suas casas. O sexto sentido de Harker pode desvendar um caso que deixou estupefactos os colegas mais experientes.

Tal como Clarice Starling em O Silêncio dos Inocentes, a agente federal de Monroe também é uma jovem mulher a lutar para ser levada a sério num mundo de homens – num departamento chefiado pelo rude agente Carter, interpretado por Blair Underwood. Durante um encontro confrangedor com a mulher e a filha de Carter, a sua linguagem corporal é um grito silencioso de desconforto. Longlegs não precisa que a sua heroína seja simpática, apenas obstinada.

Os pontos de contacto são óbvios: a elegância processual de O Silêncio dos Inocentes; o arrepio psíquico de Zona de Perigo, de Cronenberg; a inquietação de Shining; a implacabilidade de A Sombra do Caçador. E se o próprio nome do agente Carter se revelasse uma referência ao criador dos Ficheiros Secretos, isso não seria uma surpresa num thriller sobrenatural a envolver o FBI, em que a verdade anda definitivamente por aí, embora sem a certeza de a querermos encontrar.

Mas o que conta é o que Longlegs faz com as suas influências. É filmado com arte, com a proporção da imagem a apertar claustrofobicamente à medida que se recua para a década de 1970. E Perkins salpica ainda o guião com choques súbitos, momentos profundamente macabros e pitadas de humor negro para gerar uma profunda inquietação.

E Cage? Longlegs – O Colecionador de Almas proporciona um ou dois dos mais belos momentos “cagenianos” de um renascimento (relativamente) controlado da sua carreira, sem nunca ir demasiado longe. Na maior parte do tempo, a sua presença invisível paira sobre o filme como um miasma maléfico. A primeira lufada de ar fora da sala de cinema vai parecer especialmente fresca depois deste filme.

Nos cinemas a 25 de Julho

Elenco e equipa

  • Realização:Oz Perkins
  • Argumento:Oz Perkins
  • Elenco:
    • Blair Underwood
    • Maika Monroe
    • Alicia Witt
    • Lauren Acala
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