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Já lá dizia o outro, quanto mais isto muda, mais as coisas ficam na mesma. Uma máxima que serve a Hollywood como meia de seda em perna bem torneada. Em 1979, Martin Brest, o realizador de O Caça-Polícias, rodou uma comédia chamada A Brigada do Reumático, na qual três grandes actores veteranos, George Burns, Art Carney e Lee Strasberg interpretam um trio de velhotes amigos sem cheta que decidem um dia assaltar um banco para ficarem com dinheiro suficiente para viver confortavelmente os últimos anos que lhes restam.
Quase 40 anos depois, o actor e agora também realizador Zach Braff foi buscar esta história e actualizou-a para os tempos de crise que vivemos em Ladrões com Muito Estilo. Os três velhotes (interpretados por Michael Caine, Morgan Freeman e Alan Arkin) agora são reformados de uma grande siderurgia que decidiu relocalizar-se no Vietname e deixou de pagar as reformas aos empregados.
Joe, a personagem de Caine, não tem dinheiro para pagar ao banco a hipoteca da casa em Queens onde vive com a filha divorciada e a neta adolescente, enquanto que os outros dois amigos, Willie (Freeman) e Albert (Arkin) partilham uma casa. O primeiro precisa também de fazer urgentemente um transplante renal. As coisas estão muito pretas para estes três cidadãos de cabelos brancos, e o seu último recurso é roubar o banco de que são clientes, que ainda por cima é a entidade consultora da siderurgia para que trabalhavam (o filme nem precisava de frisar isto, tão incomensurável é a impopularidade dos bancos nos tempos que correm).
Os bons papéis não abundam no cinema para os actores da terceira idade e por isso é sempre um gosto ver trabalhar juntos nomes do calibre de Caine, Freeman e Arkin, cuja facilidade de interacção e à-vontade na tela fazem inveja a muitos colegas mais jovens. Ladrões com Muito Estilo é o tipo de filme que eles fazem com uma perna às costas. O que ajuda muito a que a nossa tolerância às situações forçadas do argumento desta comédia policial geriátrica seja um bocadinho maior do que o habitual. Até no cinema, há que ter respeito pelos mais velhos.
Por Eurico de Barros