[title]
O trabalho televisivo de Louis C.K. mostra bem o seu humor autodepreciativo, suas virtudes e limitações, e é o que se encontra nesta longa-metragem: duas horas de humor autodepreciativo filmadas debaixo da asfixiante influência do cinema de Woody Allen.
O preto e branco da fotografia, um par de panorâmicas sobre Manhattan, no centro da acção estar um comediante em crise de inspiração e um cineasta com queda para meninas, remetem tão depressa para Manhattan que nem é preciso o outro eixo da narrativa centrar-se nas preocupações do comediante interpretado por Louis C.K. acerca da relação da sua filha adolescente (Chloe Grace Moretz) com o perverso realizador criado por John Malkovich. Não fora o autor engordar recentemente a lista de abusadores sexuais e este seria apenas um filme – vá lá – bem intencionado, embora medíocre. Assim, a película está já a ser dissecada como o exemplo, que se calhar é, de uma cultura de misoginia há muito silenciada por Hollywood.
Por Rui Monteiro