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Maria (Margarida Vila Nova) nasceu em Macau e mora com o pai doente num hotel decrépito, que o acelerado desenvolvimento da cidade condena a ser demolido mais cedo ou mais tarde, e substituído por um prédio novo. Precisamente, há um investidor interessado em comprar o hotel, e faz cada vez mais pressão sobre Maria para o vender. Coisa a que se ela se recusa terminantemente, embora não só não tenha um pé de meia para poder aguentar muito tempo, como está crivada de dívidas porque o estabelecimento deixou de dar lucro há muitos anos.
O novo filme realizado por Ivo Ferreira (Cartas da Guerra) leva o título do decrépito local em que se passa uma boa parte do seu enredo. E pese a atmosfera bem transmitida pela fotografia de Susana Gomes, de uma cidade cujo passado está a ser rapidamente apagado, e a transformar-se num sítio inteiramente dominado pelo dinheiro, pelo jogo, pelo néon e pelo comércio sexual, a história fica contada no quarto de hora inicial. O que vai inevitavelmente suceder é adivinhado por antecipação, e Hotel Império arrasta-se em modorra dramática até ao final.
Por Eurico de Barros