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Com mais de cinco horas de duração (vai estrear-se dividido em três partes), este filme do japonês Ryûsuke Hamaguchi é um monumento de naturalismo e de verismo emocional e psicológico, um retrato detalhadíssimo e sensibilíssimo das relações humanas e sociais no Japão contemporâneo, do modo de ser, sentir e estar no mundo dos nipónicos, e do lugar da mulher nesse mundo.
Quatro amigas que vivem em Kobe estão todas a chegar à casa dos 40. Duas são casadas, uma é separada e outra está em processo de divórcio. A separação desta vai causar fricções e dissensões no grupo e fazer as amigas questionar a sua amizade, e as suas vidas sentimentais e conjugais. As quatro intérpretes são espantosas, tanto mais por não serem profissionais (o filme nasceu de um workshop de improvisação dado pelo realizador) e Hora Feliz é um exemplo maior, visual, narrativa e dramaticamente apuradíssimo do gendai-geki (o filme realista e contemporâneo), em que Hamaguchi nos mergulha em profundidade no vida quotidiana nipónica e nos seus hábitos e idiossincrasias culturais e sociais. Uma fita delicada e discretamente esmagadora.
Por Eurico de Barros