Nem que fosse por uma questão de estatística, tinha que haver um filme de super-heróis que fugisse à média miserável, ao gigantismo imbecilizante, à dependência dos efeitos digitais, à falta de sentido de humor e ao massacre visual e sonoro em jacto contínuo que caracterizam o género. Esse filme é Homem- -Aranha: Regresso a Casa, o reboot da série protagonizada pelo herói criado por Steve Ditko e Stan Lee, que devolve Peter Parker (Tom Holland) à adolescência, aos tempos do liceu, a Queens e a casa da tia May (uma ainda bastante potável Marisa Tomei).
A história cruza, com frescura, bom humor e alguma (bem-vinda) autoparódia, o high school movie com o filme de super-heróis, fazendo de Parker um adolescente entusiasmadíssimo por ter superpoderes, mas ainda desastrado e precipitado, e à procura da sua identidade “super” (está a fazer tirocínio para os Vingadores, tendo o Homem de Ferro como mentor), enquanto se debate com os problemas típicos da sua idade e de estudante marrão. O filme tem ainda um vilão original (óptimo Michael Keaton), levado ao crime por um forte sentimento de revolta social, e a mais inesperada reviravolta de enredo dos últimos tempos vista num blockbuster de Hollywood.
Por Eurico de Barros