Quando uma “autora” como Claire Denis se mete a fazer ficção científica, o resultado é este. Um filme que não tem ponta por onde se lhe pegue, nem pelo lado “autoral” nem pelo lado de género.
High Life passa-se numa nave espacial que parece uma caixa de sapatos gigante com um motor. Lá dentro vai um punhado de criminosos (entre os quais Monte, interpretado em ponto morto por Robert Pattinson) que, em troca de não serem executados, aceitaram participar numa missão para extrair energia de um buraco negro.
A acompanhá-los, em vez de uma tripulação qualificada e de guardas para vigiar os criminosos, vai só uma médica, a Dra. Dibs (Juliette Binoche), também ela cadastrada, e que usa os outros tripulantes para fazer experiências de inseminação artificial (a actividade sexual é proibida a bordo e há um lugar próprio para masturbação, a “Caixa”).
High Life é um filme inverosímil, pretensioso, inadvertidamente cómico a espaços, e narcotizado. É caso para dizer que no espaço, ninguém nos ouve bocejar.
Por Eurico de Barros