Flow película
Foto: Cortesía

Crítica

Flow – À Deriva

4/5 estrelas
Sem conclusão moral, esta fábula de Gints Zilbalodis é um dos melhores filmes de animação dos últimos anos.
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A Time Out diz

Prémio do Júri e do Público no Festival de Annecy, Globo de Ouro de Melhor Filme de Animação e candidato ao Óscar de Melhor Longa-Metragem de Animação, Flow – À Deriva é realizado pelo letão Gints Zilbalodis, e um dos melhores filmes do género dos últimos anos. Passa-se num mundo futuro decadente de onde os humanos desapareceram e só os animais sobreviveram, e que é assolado por gigantescas inundações. Um solitário gato que vive na casa que pertenceu ao dono, um artista (há desenhos e esculturas de felinos por toda a parte, até no jardim) encontra refúgio num barco onde se vão juntar uma capivara, um cão, um lémure e um pássaro secretário, que para sobreviver vão ter que juntar esforços e esquecer as suas divergências.

Tal como na sua longa-metragem anterior, Away – A Viagem (2019), Zilbalodis conta esta história de amizade e entreajuda por meios visuais e musicais, já que os animais protagonistas são escassamente antropomorfizados, não falam e os sons que emitem correspondem a equivalentes seus reais, que a equipa do filme gravou para o efeito (com excepção da capivara, que tem a “voz” de um camelo bebé), o que os torna mais autênticos e menos “desenhos animados”. E logo mais próximos de nós em termos emocionais, de empatia e de envolvimento nas peripécias da aventura aquática do gato individualista e que odeia água, e dos seus companheiros.

O realizador cita influências tão díspares como os filmes do Senhor Hulot, de Jacques Tati, ou a série de animação japonesa Conan, o Rapaz do Futuro, de Hayao Miyazaki e Hajime Satô (1979), mas este filme profundamente deslumbrante, sereno e expressivo (apesar de “mudo”), uma fábula sem conclusão moral atrelada nem peso demonstrativo e que não dispensa o humor, passado num cenário pós-apocalíptico de devastação mas apresentando uma envolvência místico-onírica, aguenta-se por si – e como! – estética, formal e narrativamente, sem precisar que o refiramos a outras fitas, animadas ou não.

Gints Zilbalodis disse ainda que, em Flow – À Deriva, ele é como o gato da história, porque após ter feito Away – A Viagem totalmente sozinho, teve que trabalhar aqui com uma equipa. A experiência da personagem felina é, assim, associada à do seu criador. Que para completar o círculo, a baseou no seu gato de estimação.

Elenco e equipa

  • Realização:Gints Zilbalodis
  • Argumento:Gints Zilbalodis, Matiss Kaza
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