E já lá vão seis colaborações entre Benoît Jacquot e Isabelle Huppert, a sua actriz fetiche, desde As Asas da Pomba, em 1981. Este Eva é inspirado num livro do escritor inglês James Hadley Chase, já antes filmado por Joseph Losey em 1962, com o mesmo título e interpretações de Jeanne Moreau e Stanley Baker.
Se a versão de Losey se afastava bastante da obra de Chase, esta de Jacquot afasta-se ainda mais. O filme não é um dos mais felizes do realizador francês, nem de Huppert, que interpreta a Eva do título, uma prostituta de luxo cujo marido, ligado ao mercado da arte, está a cumprir uma pena de prisão. É por ela que se deixa enfeitiçar Bertrand (Gaspard -Ulliel), um jovem escroque que ficou famoso do dia para a noite como autor dramático, após ter roubado uma peça inédita a um escritor idoso e esquecido de quem tomava conta e morreu, e feito passar pelo autor da mesma.
O que não falta por aí são thrillers psicológicos sobre relações malsãs e condenadas à partida, entre homens poucos escrupulosos e mulheres mais ou menos fatais. Eva funciona neste registo, embora com uma moleza dramática e uma morneza cinematográfica que nos priva do necessário envolvimento emocional com as personagens e com o enredo. Até Huppert parece estar ali apenas a cumprir contrato.
Por Eurico de Barros