Um interminável, repetitivo e típico filme de má consciência liberal americana, onde Kathryn Bigelow e Mark Boal, o seu habitual argumentista, recriam um incidente racial ocorrido num motel, durante os motins que se deram em Detroit em 1967, e no qual três jovens negros foram mortos pela polícia, e vários outros, mais duas raparigas brancas, foram intimidados e espancados.
Bigelow e Boal querem, obviamente, apontar analogias com a actualidade dos EUA. A tentativa não só não colhe, por não haver comparação possível com a chocante situação social e racial de exclusão e segregação que se vivia há meio século, ainda por cima em plena guerra do Vietname e dos protestos contra a mesma, como também porque a fazem de forma reiterativa, ilustrativa e pronta-a-indignar. Tal e qual como naqueles filmes cheios de boas e nobres intenções, e de mau cinema, dos anos 60.
Por Eurico de Barros