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Desengane-se quem vá ver este documentário apensar que irá ouvir David Lynch falar sobre os seus filmes. O cinema surge apenas perto do final desta realização onde Jon Nguyen está essencialmente interessado na faceta de Lynch enquanto artista plástico, já que a pintura foi o primeiro amor do autor de Mulholland Drive, continuando a dedicar-se a ela na sua casa de Los Angeles.
Tal como não gosta de falar sobre os seus filmes e os significados que eles têm, Lynch também não é muito amigo de explicar os seus quadros (tão estranhos, crípticos e inquietantes como aqueles), pelo que David Lynch: The Art Life é mais feito de recordações de infância e dos tempos de jovem e anónimo estudante de arte, e artista sem cheta, contadas por Lynch no seu estilo lacónico, do que de revelações sobre influências e teorias estéticas, escolas favoritas, nomes da pintura que o realizador mais admira e interpretações dos seus trabalhos - que por vezes têm pontos de contacto com o universo gráfico de Tim Burton.
Em termos de filmes, vemos apenas pedaços de algumas das primeiras (e muito experimentais) curtas de David Lynch, e imagens da rodagem de Eraserhead, a sua primeira longa-metragem, era ele ainda bolseiro de cinema na Califórnia. Mas dá para perceber que o universo cinematográfico de Lynch já se encontrava em potência na sua pintura.
Por Eurico de Barros