Primeira realização do actor francês Xavier Legrand, premiada no festival de Veneza, Custódia Partilhada é uma história de violência doméstica que não quer ser apenas mais um filme banalmente sociológico nem um melodrama lacrimoso sobre o tema. O casal Besson está separado litigiosamente. O filho mais novo não quer sequer ouvir falar do pai e a filha adolescente trata-o por “o outro”. Ele, o pai, Antoine (Denis Ménochet), pretende ao menos o direito de ver o filho e estar com ele alguns fins-de-semana por mês. A mãe, Miriam (Léa Drucker) diz-se aterrorizada pelo marido e não lhe deu a nova morada nem o novo número de telefone.
Uma juíza pesa os argumentos de ambas as partes e concede a Antoine o direito de visita do filho. Custódia Partilhada parece por algum (pouco) tempo querer mostrar que o pai não é o homem que a mãe e os filhos pintam. Engano. Xavier Legrand filma uma família desfeita em que todos os membros são presas do medo, a mãe e os filhos, mas também o pai. Só que aqueles são as vítimas e este é o agressor. Custódia Partilhada é um filme de terror realista.
Por Eurico de Barros